Em meio aos desfiles das escolas de samba na Sapucaí uma cena inusitada chamou a atenção e não foi na Avenida. Uma dupla jogava altinha, com uma bola de futebol, dentro de um camarote, próximo a grade que separava o espaço dos sambistas. O episódio ocorreu enquanto carros alegóricos passavam em frente a eles.
Uma pessoa, que estava na arquibancada, flagrou o momento, que aconteceu na última sexta-feira, dia 28, e o vídeo tem viralizado nas redes sociais. Fãs do carnaval criticaram o ato, que logo foi apelido como “camarotização” da folia.
“Não vou lutar visceralmente contra o que não vai mudar. A ‘camarotização’ é real e até, dizem, melhora a vida financeira das escolas, no fim das contas. Mas há o símbolo, o cruzar de limites. Eis resumo do porquê do urgente debate sobre excesso. Grotesco!”, escreveu um usuário do X, antigo Twitter, ao compartilhar o vídeo em questão.
Houve um debate, inclusive, sobre ter uma bola de futebol em pleno camarote.
“A gente não pode levar uma latinha e tem playboy que pode jogar altinha a poucos metros da Avenida”, disse um seguidor. “Eu teria estourado essa bolia ali mesmo. Nunca vi a pessoa ir para Sapucaí e não prestigiar o trabalho árduo das comunidades”, comentou outro fã. “Esse vídeo me fez mal. Inacreditável a falta de respeito e de noção”, lamentou mais um. “Por mim fechavam todos os camarotes e colocariam mais espaços populares”, escreveu outro usuário.
Veja o vídeo:
Críticas ao novo modelo de desfiles
O carnaval 2025 também marcou uma nova divisão dos desfiles das escolas de samba, que passaram acontecer em três dias, terminando mais cedo. Embora os argumentos favoráveis à mudança sejam relacionados a aproveitamento da iluminação, há quem critique os shows depois das escolas, assim como a falta de segurança por deixar o sambódromo de madrugada.
“Ontem (no domingo, dia 2), o desfile DAS ESCOLAS DE SAMBA acabou faltando pouco para às quatro da manhã para o público dos primeiros setores da Avenida. Na sequência, em menos de VINTE MINUTOS, o que se ouviu foi a música eletrônica dos camarotes ser aumentada. Pra eles, a festa seguiu. Para o público interessado EM DESFILE, restou deixar a Sapucaí no escuro da madrugada e passar um perrengue. A entrada do metrô estava abarrotada e ficou muito claro que isso não foi pensado de forma coerente pelos organizadores”, disse o carnavalesco Leandro Vieira, no X.
Ele ainda quis deixar claro que não é da ala “purista”, aquela totalmente contrária às mudanças, mas continuou as ponderações.
“Tenho o maior respeito pelas rodas de samba da cidade (frequento e sou amigo dos organizadores) mas o fato é que quem vai pra Avenida nesses dias, QUER VER ESCOLA DE SAMBA e a maneira única como elas apresentam aquilo que inventaram ao unir música, dança e visualidade. Não sou purista, mas basta olhar a primeira noite que serve como experiência do modelo pra perceber que quatro escolas por noite é uma BOLA FORA. Para mim, o formato botou água no chope do sambista e melou a experiência do público que (como eu) quer DESFILE DE ESCOLA DE SAMBA”.