Desde o adiamento das provas do Concurso Nacional Unificado (CNU) — que oferece 6.640 vagas para 21 órgãos do governo federal —, há dez dias, por causa das chuvas no Sul do país, os candidatos de todo o Brasil se perguntam: por quanto tempo ainda poderei me preparar. A expectativa é que as provas sejam aplicadas no início do segundo semestre. Com isso, os concorrentes ganharam mais tempo para intensificar os estudos. Para isso, é preciso rever métodos de preparação. E especialistas ouvidos pelo EXTRA dão dicas para ajudar os concurseiros.
Veja Mais
Canal do EXTRA no WhatsApp: Entre no canal Servidor Público e não perca as principais notícias
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), responsável pela realização do concurso, e a Cesgranrio, banca organizadora da seleção, ainda não chegaram a uma conclusão sobre a nova data de aplicação dos testes. O cronograma previsto no edital será reformulado.
Já se sabe, porém, que as inscrições não serão reabertas e que os editais já publicados serão mantidos. Ou seja, o processo seletivo continuará válido para 2,1 milhões de candidatos, que vão enfrentar uma maratona de provas, com duração de seis horas, divididas entre manhã e tarde.
Os cursinhos preparatórios já começaram a reorganizar as aulas para abordar os temas previstos. No bloco voltado para as carreiras de nível médio, a atenção dos professores está voltada para a exigência de conhecimentos sobre a realidade brasileira, que envolve temas como políticas públicas, direitos humanos, diversidade, inclusão e meio ambiente. Além das provas objetivas, serão aplicadas questões discursivas aos candidatos:
Victor Dalton, fundador e diretor do Direção Concursos, recomenda uma rotina de estudos semanal para abordar todo o conteúdo do concurso.
— Isso é crucial devido à grande diferença no conteúdo programático em relação aos concursos anteriores. Ao passar por todas as matérias durante a semana, o candidato mantém contato constante com o conteúdo, reduzindo o risco de esquecimento à medida que avança nos estudos.
Resolução de questões
À medida que o tempo passa e a data da prova se aproxima, Victor Tanaka, especialista do Estratégia Concursos, sugere que o foco mude da teoria para a resolução de questões:
— Faltando poucos meses para as provas, recomendo que os candidatos realizem, se possível semanalmente, um simulado. Isso não apenas permite avaliar o conhecimento nas disciplinas que serão cobradas, mas também treina a gestão do tempo para responder às questões e preencher o cartão-resposta dentro do prazo e prepara psicologicamente para o dia do concurso.
De olho na Cesgranrio
Para quem está se preparando para os concursos de nível superior e médio, a Cesgranrio, de acordo Eduardo Cambuy, professor do Gran Concursos, costuma focar na interpretação de texto dos candidatos e cobrar menos conteúdos que exigem “decoreba”, com questões que não fazem muito rodeio no texto de apoio.
Segundo o professor Victor Dalton, do Direção Concursos, a interdisciplinaridade será uma característica marcante das questões de políticas públicas no CNU — pertinente a todos os blocos —, o que significa dizer que os conceitos teóricos e técnicos de políticas públicas estarão relacionados a outros assuntos, especialmente ligados a questões históricas e sociais do país. O modelo de seleção adotado pela banca permite que os participantes concorram a mais de um cargo dentro de uma área escolhida, salienta Dalton:
— Cada bloco tem seus eixos temáticos e pesos diferentes. Por isso, é crucial uma rotina de estudos personalizada para a vaga almejada.
Perfil das avaliações
Para os cargos de nível superior, as provas de conhecimentos gerais serão as mesmas em todos os blocos temáticos, enquanto as provas de conhecimentos específicos serão adaptadas para cada bloco, conforme explicação de Rodrigo Lelis, especialista em concursos. A Cesgranrio, responsável pelo certame, costuma abordar uma variedade de temas em seu edital, mas tem certa preferência por alguns assuntos, como destaca o especialista Victor Tanaka.
No bloco destinado às carreiras de nível médio, é importante concentrar os estudos nos temas da realidade brasileira, como políticas públicas, direitos humanos, diversidade, inclusão e meio ambiente, conforme indicação do professor Eduardo Chambuy. Aos candidatos desse bloco, um diferencial pode ser a ênfase na redação, o que pode impactar significativamente na classificação, como explica Marco Brito, diretor pedagógico do Degrau Cultural.
– Também destaco a importância da redação para estes candidatos, o que pode ser um diferencial na classificação.
Do sono à revisão, professores remontam estratégias de estudos para meses finais de preparação ao concurso unificado
Ajustes
Para Rodrigo Lelis, professor de diversos cursinhos preparatórios, o primeiro passo para os estudantes, agora nessa reta final, é ajustar os horários de estudo. Além disso, ele cita a importância das atividades físicas.
— É preciso identificar o momento do dia em que você tem melhor rendimento físico e mental. Isso pode fazer toda a diferença na absorção do conteúdo e na qualidade do aprendizado. É importante reservar pelo menos 40 minutos diários para atividades físicas.
O bom condicionamento físico aumenta a absorção do conteúdo e proporciona resistência.
Consistência
Segundo Victor Tanaka, especialista do Estratégia Concursos, manter a rotina de estudos é essencial. É preciso focar em áreas nas quais os candidatos têm dificuldades.
— Evite quebrar sua rotina e mantenha horários fixos para estudar. Isso ajuda o cérebro a associar esses momentos ao aprendizado, tornando-o mais eficaz — explica Tanaka.
Descanso
A psicóloga Lívia Marques indica que, durante os estudos, os candidatos façam pausas regulares para evitar o cansaço e manter a concentração:
— É importante não sobrecarregar o cérebro e dar um tempo para ele assimilar as informações. Tenha um plano de estudos realista. Estabeleça metas alcançáveis e não se esqueça de incluir tempo para descanso e lazer.
Estresse
Diones Martins, professor do Zerohum, explica que é essencial aos candidatos manter a tranquilidade ao longo da preparação:
— O estresse excessivo pode prejudicar o desempenho. Uma mentalidade positiva pode fazer toda a diferença no resultado final.
Disposição
Marco Brito, diretor pedagógico do Degrau Cultural, lembra que a boa alimentação e o sono adequado são fundamentais para garantir disposição e foco nos estudos.
— Aproveite o tempo extra para revisar todo o conteúdo programático, priorizando os assuntos mais importantes e realizando simulados.
Flexibilidade
Co-fundador do Direção Concursos, Victor Dalton destaque que uma boa saída para conter a frustração do adiamento das provas é manter um cronograma flexível que permita compensar eventuais imprevistos e evitar a desmotivação do candidato.
— É preciso, acima de tudo, evitar distrações na hora dos estudos. Celular, redes sociais, televisão, música…Se possível, evite.
Revisões
O professor Eduardo Cambuy, do Gran Concursos, sugere que o candidato faça revisões e simulados para que possa acompanhar o próprio progresso.
— Não se esqueça de mensurar seus resultados e ajustar seu plano de estudos conforme necessário
Perfil dos candidatos
Dentre os concorrentes, as mulheres são maioria. Foram cadastradas 1,2 milhão de pessoas do sexo feminino, ao passo que o concurso computou 938 mil inscrições do sexo masculino. O processo seletivo contará ainda com 475 mil participantes cotistas; sendo 420 mil negros, 45 mil pessoas com deficiência (PcDs) e dez mil indígenas.
Com as inscrições, o governo arrecadou R$ 126 milhões, valor suficiente para a cobertura dos custos. Dos 1,5 milhão de pagamentos feitos, a maioria das inscrições foi voltada para os blocos que exigem nível superior, com 1,113 milhão de candidatos. Na divisão por blocos, porém, o que terá mais concorrentes é o que exige apenas nível intermediário, com 701 mil inscritos. A maior parte dos inscritos (20,5%) recebe entre R$ 2.825 e R$ 4.236.
Veja: Greve de empregados da Ebserh é encerrada após aceite de proposta de reajuste
De acordo com informações do MGI, o Estado do Rio de Janeiro registrou 127 mil inscritos no Concurso Nacional Unificado. A unidade da federação ficou atrás apenas do Distrito Federal, que conta com 220 mil candidatos.
Testes serão os mesmos
As provas do “Enem dos Concursos” foram impressas nos últimos dias, para serem aplicadas no domingo passado (dia 5). Como isso não foi possível, os cadernos com as questões, que já estavam em 65% dos 228 municípios do país nos quais o CNU ocorreria, foram reagrupadas nas capitais dos estados, em pontos com certificado de segurança da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, disse em entrevista coletiva que a ideia do governo é reutilizar as provas já impressas, sem alteração de conteúdos e questões. Não é descartada, porém, a centralização total das provas em um único local, hipótese ainda em estudo.
— As provas já estavam nos estados, nas capitais, inclusive em Porto Alegre, e elas estavam começando o processo, desde a quinta-feira, de interiorização, de chegar em todas as cidades. Obviamente, no Estado do Rio Grande do Sul, não era possível essa interiorização. As provas tinham chegado a 65% das cidades onde haveria o concurso — explicou.
Documentos em mãos
Na nova data da aplicação das provas do CNU, os candidatos inscritos na seleção poderão apresentar documentos digitais para identificação pessoal, sejam e-Título, CNH Digital e RG digital. Estes deverão estar nos respectivos aplicativos oficiais ou na Carteira de Documentos Digitais do portal Gov.br.
O edital do processo seletivo prevê a apresentação obrigatória de um documento de identidade original com foto, mas cópias, ainda que sejam autenticadas, não serão aceitas sob nenhuma hipótese, de acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Acompanhe: Professores do Rio fazem ato unificado para cobrar melhorias salariais
A apresentação do documento de identificação será feita na entrada da sala onde a prova será aplicada. Por isso, o ministério sugere aos candidatos que o aplicativo com o documento digital esteja previamente baixado no celular e que o aparelho esteja carregado. Segundo dados do governo federal 94% dos candidatos se deslocarão menos de 100 quilômetros para chegar aos 3.665 locais de prova distribuídos nos municípios.
Mais recente Próxima