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AB Inbev aposta na África e nos ‘modernos’

Valor Econômico
18/04/2019 às 05h00

Se os planos para a Kraft Heinz se tornaram mais modestos, a visão dos acionistas controladores sobre a AB Inbev, que também enfrentou um ano difícil em 2018 e sofre com as mudanças de hábitos dos consumidores, é outra. A avaliação é que na cervejeira uma recuperação está em marcha. Prova disso é que as ações neste ano já subiram mais de 35%, depois de um tombo em 2018.

A leitura é que, no ano passado, a empresa teve os resultados bastante afetados por taxas de câmbio desfavoráveis nos países em que atua. Além disso, sentiu o peso da grande dívida contraída para viabilizar a compra da rival SAB Miller, proposta em 2016, por US$ 100 bilhões. O empresário Jorge Paulo Lemann e seus parceiros de negócios sabem que a aquisição da SAB representou uma grande tomada de risco para a companhia e que custou um pouco caro. Mas acreditam que no longo prazo – que é o horizonte de tempo pelo qual costumam avaliar seus negócios – foi o movimento certo a fazer.

A crença é que, nos próximos 20 anos, o mercado africano contribuirá com 30% do crescimento do mercado global de cerveja. A população do continente, bastante jovem, deve dobrar. Isso, somado ao clima quente, torna a África um mercado cervejeiro por excelência e a ABI acredita ter se posicionado para tirar partido disso. Claro que o mercado de cerveja não vai apresentar taxas de crescimento de fintechs, por exemplo, mas deve seguir atrativo.

A cultura de atrair grandes talentos e manter os custos sob rédea curta se mantém. Mas a ideia é, aos poucos, modificar o perfil do time da cervejeira – assim como das demais empresas investidas – e ter um pouco menos gente das finanças, da eficiência, da logística e do controle de custos e mais gente que entenda de tecnologia, inteligência artificial e afins. Essa renovação já vem sendo feita, da mesma forma como aconteceu com o marketing da ABI anos atrás. Hoje, os acionistas consideram que a cervejeira conseguiu ficar boa no marketing e esperam que o mesmo aconteça com o emprego da tecnologia.

O desejo é que as lideranças da empresa, como o CEO Carlos Brito, entendam as mudanças necessárias que precisam ser implementadas, e que sejam capazes de liderar essa renovação.

Um grande exemplo foi a criação dentro da ABI, há alguns anos, da ZX Ventures. Trata-se de uma incubadora de novidades dentro de casa. Agora em janeiro, Pedro de Sá Earp, que tocava a ZX, foi nomeado o chefe global de marketing da cervejeira, dentro desse movimento de oxigenar as ideias na empresa. Outro nome dentro desse espírito de renovação é o de David Almeida, encarregado de novas tecnologias.

Entender o consumidor e se identificar com ele também se tornou um objetivo central dentro da cervejeira. A leitura é que, hoje em dia, não é possível repetir o sucesso dos 30 primeiros anos do negócio (Lemann, Sicupira e Telles compraram a Brahma em 1989) sem entender o que o consumidor pensa, porque hoje ele não compra compulsoriamente o que as empresas produzem. É preciso adicionar um “amor maior pelo consumidor” à cultura da empresa.

A companhia avalia se realiza ou não uma abertura de capital de seus negócios na Ásia. A empresa seria listada na bolsa de Hong Kong. Entre as vantagens, estariam a possibilidade de abater parte da dívida com os recursos levantados, permitir aquisições na região usando as ações da empresa listada e tornar a empresa mais asiática, melhorando a percepção local.



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