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Como Carlos Wizard quer fazer da Topper uma marca global

Na próxima sexta, dia 13, o empresário Carlos Wizard dará uma palestra em mandarim sobre empreendedorismo para alunos da Universidade de Xangai, na China.

Nela, contará como ele, um professor de inglês de origem humilde, criou e expandiu a rede de idiomas Wizard até vendê-la, em 2013, e tornar-se umbilionário.

O evento acontece um dia antes dele encontrar com Jack Ma, o dono do Alibaba e a pessoa mais rica da China, para dar seu próximo grande salto: fazer da Tooper uma marca global de esportes.

Topper (20% dela no mundo, com exceção das operações dos Estados Unidos e China) e Rainha foram compradas por Carlos Wizard da gigante Alpargatas nesta semana por R$ 48,7 milhões.

Na entrevista a seguir ele conta quais são os planos para as marcas e como ele pretende conciliá-las com seus outros negócios, Mundo Verde e Ronaldo Academy. Confira.

EXAME.com – A Alpargatas também tinha a ideia de fazer da Topper uma marca global, que competisse com Nike e Adidas, mas não deu certo. O que será diferente agora?

Carlos Wizard – É uma questão de foco. A Alpargatas é uma empresa gigante, cujo foco principal é a Havaianas, vendida para 107 países e responsável pela maior parte do lucro da empresa. Eu terei como foco fazer Topper e Rainha, no mercado doméstico, dar certo.

Esse negócio é uma grande oportunidade para a antiga dona focar mais no que lhe dá mais retorno, enquanto damos impulso para as duas marcas, com a atenção totalmente voltada para elas.

EXAME.com – O acordo não inclui a venda de fábricas e ativos industriais. Como os produtos serão, então, fabricados?
Wizard – A Alpargatas continuará cuidando da produção, fabricação e logística tanto da Topper quanto da Rainha, mas como um fornecedor terceirizado nosso.

EXAME.com – A ideia é vender também roupas das marcas. Já há um plano de quando e como isso será colocado em prática?
Wizard – Ainda não porque tudo é muito recente, fizemos o anúncio na quarta, falei com a equipe na quinta e hoje estamos tendo esta conversa. Há a ideia, mas ainda estamos definindo como colocá-la em prática.

EXAME.com – E como está formada a equipe que cuidará das duas marcas?
Wizard – Teremos 70 pessoas que farão a gestão das marcas, profissionais que vieram da divisão de Topper e Rainha da Alpargatas e que ficam em São Paulo.

Disse a eles (funcionários) ontem que quem entende do processo, do produto e mercado são eles e que nós queremos valorizá-los e seguir os planos que já estavam estabelecidos com muito mais ênfase.

EXAME.com – Além do dinheiro investido na compra, quanto ainda deve ser injetado nas duas marcas nos próximos anos com marketing e fabricação?
Wizard – Pelo menos pelos próximos dois anos, 100% do que as marcas trouxerem de retorno será investido em marketing, com o intuito de reforçar o posicionamento delas no mercado.

EXAME.com – A venda de Tooper e Rainha hoje é feita por meio de lojas multimarcas. Esse modelo deve ser seguido ou há a possibilidade de lojas das marcas?
Wizard – Vamos primeiro fortalecer a relação que temos com os mais de 500 lojistas e distribuidores atuais para então estudar com eles quais outros canais podemos adotar, sem atrapalhá-los.

EXAME.com – Se a expansão com loja das marcas acontecer será por meio de franquias?
Wizard – É uma possibilidade, mas apenas para lugares do país onde atualmente os produtos não chegam.

EXAME.com – O senhor está indo à China para um encontro com Jack Ma. Pode nos adiantar o que pretende discutir por lá?
Wizard – Na próxima semana vou encontrar Jack Ma e vamos negociar como levar os calçados e roupas da Topper para serem distribuídos no país. Eu considero a China o país comunista mais capitalista do mundo e sei que eles sabem negociar, mas nós também somos bons nisso.

Queremos usar a plataforma mundial deles para fazer da Topper uma marca global e eles também só tem a ganhar com isso.

EXAME.com – O senhor investe em setores que combinam potencial de crescimento e resiliência. Por que o setor de calçados e roupas esportivas se enquadra nisso?
Wizard – Por três motivos. Primeiro, o esporte faz parte da vida dos brasileiros, que não deixam de sair, jogar bola, passear por crise nenhuma. Depois, já temos um público que consome produtos de esportes dentro de casa, com o Ronaldo Academy. Acreditamos que um negócio pode fortalecer o outro.

Por último, apostamos em empresas que geram bem-estar e saúde, uma vertente com tendência de crescimento.

EXAME.com – Sua carteira de ativos inclui Mundo Verde, Ronaldo Academy e, agora, Topper e Rainha. Como conciliar negócios tão distintos?
Wizard – Eles são diferentes, mas a gestão é semelhante. Temos alguns modelos de direção, extensão e distribuição de varejo que outras empresas não têm e que estão dando certo.

Tanto que, em um ano à frente da Mundo Verde, o número de lojas subiu de 250 para 365 – devemos fechar o ano com 400 pontos.

Uma gestão parecida será usada na Topper e Rainha, mas para venda de artigos esportivos.

EXAME.com – Pode citar uma iniciativa prática dessa gestão aplicada na Mundo Verde que trouxe impacto positivo?
Wizard – Treinamento. Quando assumimos a Mundo Verde nenhuma conferência entre funcionários era feita há dez anos. Em um ano já fizemos duas. Isso gera custos, mas traz engajamento e mais vendas para a empresa porque todo se sentem mais comprometidos.

EXAME.com – Quais outros setores ou marcas estão no seu radar para futuros investimentos?
Wizard – Já tenho muita coisa para tocar depois dessas compras, preciso consolidá-las antes de pensar em novas empreitadas.

EXAME.com – Em até dois anos?
Wizard – Sim, por aí (risos).

Fonte: EXAME

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