A Petrobras avalia adiar o projeto de construção das refinarias Premium I e II, no Maranhão e no Ceará, em meio a uma desaceleração no crescimento da demanda por combustíveis no país, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.
As duas novas unidades constam no Plano de Negócios e Gestão 2014-2018 da estatal, que prevê investimentos totais de 220,6 bilhões de dólares para o período. A Premium I, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará, aparecem na carteira de projetos em licitação, que deveriam ter processos “conduzidos em 2014”, segundo o plano.
“Não quer dizer que não será feito. Essas refinarias continuam sendo necessárias, mas não na velocidade inicial… A decisão ainda não foi tomada, mas há um sentimento nesse sentido (de prorrogar o início do projeto)”, disse a fonte, sob condição de anonimato.
A fonte ressaltou que, nos últimos dois anos, o mercado de combustíveis no Brasil não vem mais crescendo no mesmo ritmo de antes, o que altera os indicadores econômicos que vão definir o ritmo de construção de novas unidades de refino.
Embora ainda não se saiba o custo das refinarias, a postergação dos projetos pode dar fôlego financeiro à companhia, num momento em que lida com o crescimento de sua dívida, que somou ao todo cerca de 140 bilhões de dólares ao final do segundo trimestre –a empresa teve recentemente seu rating rabaixado pela alta alavancagem, entre outros fatores.
A estratégia de adiamento de projetos nesse segmento ocorre após a área de refino ter sido o foco de grandes polêmicas na Petrobras no último ano. Investigações de várias instituições, como o Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e CPIs no Congresso Nacional, ocorrem sobre os gastos bilionários na construção da Refinaria do Nordeste (Rnest), em vias de ser inaugurada, e na compra da refinaria de Pasadena, no Texas.[nL2N0RP2F7][nL1N0QX28P]
Além disso, a Petrobras tem reduzido investimentos em refino enquanto foca em grandes projetos de exploração e produção de petróleo. No último Plano de Negócio, o investimento na área de abastecimento/refino caiu quase pela metade, para 38,7 bilhões de dólares em cinco anos, na medida em que alguns projetos como a Rnest estão sendo concluídos.
“Há experiências na Rnest e Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), onde houve um dispêndio de recursos acima do que era previsto. Com a Premium, não se deve repetir isso aí”, afirmou a fonte, lembrando que os altos custos da Rnest, que beiram a 20 bilhões de dólares, trouxeram muitas lições para a Petrobras.
Fonte: Reuters