No leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), nesta quarta-feira (13/12), no Rio de Janeiro, uma empresa se destacou não só pelo resultado – arrematou 122 dos 192 blocos licitados – como pelo tamanho. A novata petroleira Elysian Petro foi criada em agosto pelo empresário Ernani Machado, de Belo Horizonte. E não tem nenhum funcionário. Apenas sete consultores foram contratados para estruturar a empresa e habilitá-la a participar do leilão.
Quem entregou os envelopes das ofertas da Elysian foi o próprio dono. As propostas somaram R$ 12 milhões, e Machado promete investir R$ 400 milhões na operação de exploração. Com respostas simples e, muitas vezes, imprecisas, o empresário conversou com os jornalistas depois do leilão. Sobre a quantidade de blocos arrematados, ele foi singelo: não acredita que vai conseguir extrair petróleo na maioria das áreas.
“São várias áreas porque a minha probabilidade de ter petróleo em todas é um milagre de Deus. Então, eu tenho que levar em consideração que eu terei sucesso em 20% das áreas”, explicou. As concessões são para blocos em Sergipe, no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo.
Outra explicação inusual em um setor dominado por megaempresas petroleiras e movido por muito dinheiro foi sobre a precificação das ofertas que a Elysian apresentou. Nada de cálculos complicados. “Poderia falar a vocês que fiz um supercálculo e cheguei a R$ 51 mil, mas seria a maior mentira. Peguei o (bônus) mínimo de R$ 50 mil e coloquei mais R$ 1 mil”, revelou Machado.
Uma precaução que o empresário tomou foi a de não disputar áreas com problemas de licenciamento. “Só não entramos em áreas que são sensíveis do ponto de vista ambiental”, disse. “O objetivo é desenvolver tecnologias para extrair petróleo com o menor dano possível à natureza.”
Para o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, a Elysian cumpriu os requisitos do órgão regulador e da legislação para participar do leilão. A próxima fase do certame inclui uma análise rigorosa das condições econômico-financeiras e da capacitação técnica das empresas.
“Agora, começa uma segunda etapa. Todas as empresas vão passar por um processo de qualificação técnica e econômico-financeira de forma a comprovar que tem a capacidade de aplicar os recursos comprometidos para os investimentos. Não vejo motivo de preocupação”, disse Saboia.
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