Skip to content

Após assassinato de argentina, mulheres protestam por mais segurança em Búzios

O assassinato a facadas da acrobata argentina Florencia Aranguren, na trilha para a praia de José Gonçalves, em Búzios, na última quarta-feira, motivou um protesto em frente à prefeitura da cidade da Região dos Lagos. O ato, realizado na tarde desta sexta-feira, reuniu dezenas de pessoas — grupo majoritariamente feminino — que seguravam cartazes fazendo referência a Florencia, assim como a outras mulheres mortas na cidade.

Florencia Aranguren: Suspeito de matar argentina a facadas já foi condenado a 15 anos por estupro e roubo a adolescente; veja vídeo da prisão Laudo do IML: Argentina foi morta com 18 facadas e entrou em luta corporal com criminoso em Búzios

Pelo Centro de Búzios, os manifestantes batiam palmas e pediam mais segurança nas ruas da cidade. Um dos gritos entoados pelo grupo era “a violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”.

Por volta das 15h30, o nome de mulheres mortas na cidade foram pronunciados em voz alta, acompanhado da palavra “presente” ao final. Entre os cartazes, um trazia a mensagem “#SomosTodasFlorencia”, enquanto outro — em espanhol — pedia justiça, com a mensagem para que todas sejam “livres, sem medo”.

Búzios: Saiba onde fica a praia de José Gonçalves onde argentina foi morta a facadas

Pelas redes sociais, a Frente Feminista de Búzios compartilhou a publicação convocando mulheres e homens a se concentrarem em frente à prefeitura de Búzios. “Pela vida e segurança de tod@s, exigimos que nos protejam!”, dizia o cartaz.

Durante o ato, as reivindicações, para além de mais segurança nas ruas, especialmente às mulheres, eram de iluminação pública em lugares afastados do centro e rotas de vans ampliadas, especialmente para atender mulheres que trabalham à noite. Procurada, a prefeitura de Búzios não respondeu até a publicação desta reportagem.

Segundo a Polícia Militar, o 25º BPM (Cabo Frio) “tem aplicado esforços contínuos para a manutenção da segurança e da ordem em toda a região de atuação”. O policiamento, segundo a corporação, foi intensificado no local em que Florencia foi morta, assim como em outras praias da cidade.

Luta corporal com criminoso

A argentina estava em Búzios há três dias quando foi morta. Florencia tinha saído da praia de José Gonçalves, que fica em uma área isolada, cercada pela mata, após um mergulho, e seu corpo foi encontrado na trilha por volta das 7h.

O laudo de necropsia, obtido com exclusividade pelo EXTRA, mostra que a maior parte das lesões — 18 facadas — estavam no pescoço da vítima. A hemorragia externa que levou a argentina à morte foi causada pelos golpes na artéria carótida e na veia jugular direita.

Cachorro de argentina morta: Tronko, que ajudou a identificar suspeito, está com irmã de vítima

Seu corpo também tinha marcas que indicavam que Florencia teria tentado resistir às agressões, entrando em luta corporal com seu assassino.

Ficha criminal do suspeito

O lavrador Carlos José de França, , suspeito de ter matado a argentina Florencia Aranguren, de 31 anos, em Búzios, na Região dos Lagos, tem outras cinco passagens pela polícia do Rio. Ele já havia sido condenado pela Justiça de Pernambuco a 15 anos de prisão por estupro e roubo a uma adolescente no estado nordestino. Carlos José tem 32 anos e é natural de Quipapá, cidade da Zona da Mata de Pernambuco, mas tinha endereço residencial em Itaperuna, no Norte Fluminense.

Carlos José de França, suspeito de ter matado a argentina Florencia Aranguren, de 31 anos, em Búzios — Foto: Reprodução

Vilma Nascimento: Porta-bandeira lendária da Portela será homenageada com a Medalha Chiquinha Gonzaga

Em sua ficha, consta que ele trabalhava como lavrador e não é alfabetizado. Pelo estupro da adolescente, recebeu pena de 15 anos, seis meses e 9 dias em regime fechado, depois convertido em semiaberto.

O crime aconteceu em março de 2009. Por volta das 21h, na região do Matadouro Público da cidade de Quipapá, Carlos José abordou a adolescente e duas amigas, com uma arma de fogo. Elas voltavam de um ensaio na escola em que estudavam na época. Sob ameaça, ele exigiu o celular e dinheiro da menina, que tinha 15 anos. A vítima entregou o aparelho de telefone e disse a ele que não tinha dinheiro. Insatisfeito, ele a levou para um local desconhecido, onde a estuprou.

Na sentença que condenou Carlos José, o juiz Eduardo José Loureiro Burichel destacou o relato da vítima. Segundo texto, a jovem afirmou que Carlos José surgiu já agarrando seu pescoço e apontando a arma para sua cabeça. Assustadas, as amigas da jovem gritaram e correram do local, e a vítima foi conduzida à força em direção a um matagal afastado e totalmente escuro, na direção da linha do trem. Sob a mira do revólver, ele ordenou que ela tirasse a roupa, e praticou os atos de violência sexual.

Vítima foi observada ‘sem parar’

A acrobata Florencia Aranguren, argentina morta a facadas em Búzios, na Região dos Lagos, na última quarta-feira, era observada por dois homens — um de moto e outro de bicicleta — enquanto se banhava na Praia de José Gonçalves. Quem viu a cena foi um morador que estava no local, que é isolado e cercado pela mata nativa, no mesmo dia e horário em que a vítima foi assassinada. Segundo a testemunha, não era possível prever que o desfecho seria brutal.

— Eles ficaram olhando ela tomar banho. O (homem) que estava de moto foi embora quando percebeu que eu estava reparando neles, mas o de bicicleta a seguiu assim que ela entrou na trilha de volta. Ele estava nervoso e ficava de longe olhando sem parar para ela. Na hora, achei estranho, mas não imaginava que algo assim aconteceria — contou o morador de Búzios, que preferiu não se identificar.

Argentina Florencia Aranguren foi morta na trilha para a Praia de José Gonçalves, em Búzios — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Repercussão na Argentina: ‘Horror no Brasil’

Jornais argentinos repercutiram o assassinato de Florencia Aranguren, de 31 anos, nesta quarta-feira, em Búzios, na Região dos Lagos. No jornal argentino “Clarín”, a manchete da quarta-feira foi: “Horror no Brasil: uma argentina foi morta a facadas em Búzios”.

Outros veículos, como o jornal “La Nación”, descreveram o crime como um “choque”. O caso também foi repercutido pelos jornais “El Diario” e “Infobae”, que lembrou outro assassinato de um argentino no Brasil. Em fevereiro de 2019, Daniel Barizone, de 65 anos, caminhava com a mulher em uma praia de Salvador, na Bahia, quando foi vítima de um latrocínio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *