Meta derruba rede de desinformação sobre a guerra na Ucrânia – Dona do Facebook e do Instagram diz ter agido contra a mais complexa tentativa de espalhar propaganda pró-Rússia desde o início da guerra. Operação incluía mais de 60 sites imitando veículos de comunicação conhecidos.Uma ampla rede de desinformação com origem na Rússia tentou usar centenas de contas falsas em redes sociais e dezenas de sites de notícias falsas para espalhar propaganda do Kremlin a respeito da invasão da Ucrânia, afirmou nesta terça-feira (27/09) a Meta, proprietária do Facebook e do Instagram.
A empresa americana de tecnologia disse ter identificado e desabilitado a rede antes que esta conseguisse alcançar uma vasta audiência. O Facebook informou que essa foi a maior e mais complexa tentativa russa de espalhar propaganda pró-Moscou desde o início da guerra na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro deste ano.
A operação envolveu também mais de 60 sites criados para imitar websites legítimos de notícias, incluindo o jornal britânico The Guardian e a revista alemã Der Spiegel. Em vez de conter as notícias efetivamente publicadas por essas empresas, os sites falsos continham links para informações deturpadas sobre a invasão da Ucrânia.
Somente no Facebook, mais de 1,6 mil contas falsas foram usadas para espalhar propaganda russa, incluindo links para as fake news e postagens e vídeos pró-Moscou, em países como Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Ucrânia, em ação que ocorreu durante todo o verão europeu. Além do Facebook, atividades da rede foram identificadas também em mídias como Instagram, Twitter e Telegram.
As redes de desinformação russas foram percebidas, primeiramente, por repórteres investigativos na Alemanha. Quando a Meta começou a sua própria investigação, descobriu que muitas das contas falsas já haviam sido removidas por sistemas automatizados do Facebook. As páginas tinham milhares de seguidores quando foram desativadas.
Um dos conteúdos que chamou a atenção dos investigadores foi um vídeo intitulado “Revelada falsa encenação em Bucha!”, que culpava a Ucrânia pelo massacre de centenas de pessoas em uma cidade ocupada pelo Exército russo.
“Em algumas ocasiões, o conteúdo foi espalhado por páginas oficiais no Facebook de embaixadas russas na Europa e na Ásia. Acredito que essa é, provavelmente, a maior e mais complexa operação de origem russa que interrompemos desde o início da guerra na Ucrânia”, afirma David Agranovich, diretor da Meta para Disrupção de Ameaças.
Os investigadores disseram que não podem atribuir a rede diretamente ao governo russo. Agranovich, no entanto, destaca o papel desempenhado por diplomatas russos e diz que as atividades dependiam de táticas sofisticadas, a exemplo do uso de vários idiomas e sites falsos cuidadosamente desenvolvidos.
Desde o início da guerra, o Kremlin tem usado a desinformação e também teorias conspiratórias a fim de enfraquecer o apoio internacional à Ucrânia. Grupos ligados ao governo russo acusam ucranianos de forjar ataques, justificam a guerra com alegações infundadas sobre o desenvolvimento de armas biológicas pelos EUA e retratam refugiados como criminosos e estupradores.
Redes sociais e governos europeus vêm tentando reprimir a máquina de propaganda e informações falsas do Kremlin, mas enfrentam dificuldades à medida que a Rússia muda suas táticas.
Fonte: AP