A rede de postos de combustíveis BR Distribuidora, uma das marcas mais fortes associadas à Petrobras, deixou de ser controlada pela estatal. Na noite de terça-feira, a Petrobras vendeu uma fatia de 30% que detinha na companhia, embolsando R$ 8,5 bilhões. A petroleira reduziu sua participação na subsidiária de 71,25% para 41,25%.
Como previsto na operação, um novo lote deve ser vendido nas próximas semanas. Com isso, a tendência é que a estatal reduza ainda mais sua participação na empresa, para 37,5%, levantando ao todo R$ 9,63 bilhões, disseram fontes a par da transação.
No início da noite, o colunista da Época Guilherme Amado noticiou que a Petrobras havia vendido 35% da BR Distribuidora por R$ 9 bilhões.
Os bancos que coordenam a venda de ações da BR detidas pela Petrobras definiram na terça-feira em R$ 24,50 o preço final da oferta.
A oferta é do tipo subsequente (follow-on), quando a companhia já tem ações na Bolsa. A rede de postos de combustíveis abriu seu capital no fim de 2017, quando a Petrobras levantou R$ 5 bilhões com a venda de 29% das ações. Até então, 100% da companhia pertencia à estatal.
A nova oferta confirma a demanda sólida para a oferta de papéis no Brasil. Nos últimos dois meses, bancos públicos levantaram R$ 14,7 bilhões com a venda de participações na Petrobras e da resseguradora IRB na Bolsa. A operação da BR Distribuidora será a maior desde a oferta subsequente de R$ 16,1 bilhões pela Telefônica em 2015.
Segundo as fontes, a Petrobras está vendendo na operação não só o loto inicial de ações previsto, mas também o adicional e o suplementar, elevando a fatia vendida de 25% para 33,75%. Segundo Fabiola Cavalcanti, sócia do TozziniFreire, a procura foi alta porque agrada aos investidores a ideia de a BR passar a ter controle privado.
— Existe uma expectativa grande sobre os planos do governo para o setor de óleo e gás, e a BR é considerada uma espécie de joia da coroa, sobretudo com o Estado abrindo mão do controle.
Os investidores antecipam aprimoramento da governança e da gestão na companhia.
—Essa operação da BR é, na prática, uma privatização. E a aposta dos investidores é que, como no passado, isso signifique melhores governança e resultados — disse Giovani Loss, do sócio do Mattos Filho.
Segundo avaliou Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, a BR pode recuperar mercados com a mudança na sua gestão.
Está saindo um player estatal do controle da empresa. Normalmente, o mercado aprecia esse tipo de troca no controle, que tende a levar a aprimoramentos das práticas da companhia e custos. A expectativa é que isso redinamizar o controle da empresa, permitindo à empresa brigar pelos mercados que estava perdendo.
Emissão de debêntures
Na noite desta terça-feira, a Petrobras informou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que o seu Conselho de Administração aprovou a uma oferta pública de debêntures, títulos não conversíveis em ações, em até três séries, no valor total de R$ 3 bilhões.
Os títulos da primeira e da segunda séries terão datas de vencimento em 15 de setembro de 2029 e 15 de setembro de 2034, respectivamente, informou a estatal. Já a terceira série terá data de vencimento em 15 de setembro de 2026. Será a sétima emissão desse tipo feita pela empresa nos últimos anos.
Os recursos captados serão aplicados exclusivamente nas atividades de exploração e avaliação na área dos blocos de Franco, Florim, Nordeste de Tupi e Entorno de Iara da área do pré-sal na Bacia de Santos que faz parte do contrato de Cessão Onerosa. Também serão investidos nas atividades de desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural nos campos de Búzios, Itapu, Sépia e Atapu, na mesma região.
Fonte: O Globo