O mercado de transporte individual ficará ainda mais concorrido no Brasil. Além do Uber, outra startup entra para esse ramo no país: a espanhola Cabify, que irá chegar à cidade de São Paulo em maio deste ano.
Recursos não faltam. A empresa acabou de anunciar que recebeu um investimento de 120 milhões de dólares, liderado pela empresa de serviços de internet Rakuten, baseada no Japão.
Esse valor será usado para financiar a expansão do serviço na América Latina, o que já havia acontecido em aportes anteriores. Dessa vez, porém, o Brasil entrou efetivamente no radar de atuação da Cabify.
“Vimos uma grande oportunidade no mercado das grandes metrópoles da América Latina, por conta de uma grande diferença de qualidade nos serviços de transporte individual e da presença da informalidade”, explica Daniel Velazco Bedoya, chefe de operações da Cabify no Brasil. “Quisemos trazer mais segurança e qualidade ao setor, e tivemos uma grande aceitação tanto por parte dos consumidores quanto por parte dos que dirigem.”
Série de investimentos
A Cabify já acumula uma história de aportes. Fundada na Espanha em 2011, a startup costumava focar mais no transporte corporativo e logo atraiu o interesse de investidores do Vale do Silício. No ano seguinte, a startup conquistou um aporte de 3 milhões de dólares e chegou a países como Chile, México e Peru.
Em 2014, a Cabify fechou uma rodada de investimento-semente e série A, liderada pelo fundo Seaya Ventures. No segundo semestre de 2015, houve outra rodada, dessa vez de série B, liderada pela Rakuten – a mesma empresa que liderou o aporte divulgado agora.
O investimento de 2015 marcou o começo do interesse da Cabify pelo Brasil, conta Bedoya. “Uma vez que consolidamos bem os mercados da Colômbia e do México, conseguimos esse aporte. A gente estava em um plano de expansão interessante e, com essa entrada de recursos, o Brasil ficou no nosso radar. O investimento de 2016 é um impulso maior ainda para entrar no país, e estamos muito confiantes.”
Hoje, o negócio está presente em 14 cidades, em 5 países diferentes. Mesmo assim, o executivo já havia contado ontem à EXAME.com que o negócio está longe de equilibrar receitas e despesas. Isso porque a Cabify ainda está investindo pesado em expansão. “O burn [queima] de capital é muito grande, ainda mais em operações jovens”, afirma.
Concorrência e funcionamento
Bedoya também já havia adiantado alguns detalhes de como o serviço irá operar no Brasil. Duas categorias do serviço de transporte chegarão neste ano: o Cabify Light e o Cabify Executivo. Assim como ocorre com o UberX e o Uber Black, a diferença está na qualidade dos veículos (e no preço).
A startup já enfrenta a concorrência do Uber em diversos mercados e “entende suas diferenças”, diz o chefe de operações. “Temos condições mais interessantes para os passageiros e para os motoristas. Estipulamos nossa tarifa apenas com base na distância, e não também com o tempo. Isso dá mais transparência e gera confiança no usuário, que sabe exatamente quanto vai pagar. Ao mesmo tempo, o motorista sabe com mais precisão quanto irá tirar da corrida.”
Porém, ainda não está definida qual será a tarifa que a Cabify praticará, nem como será a divisão da receita das viagens entre startup e motorista. Em outros mercados, a empresa cobra do condutor de 15% a 25% do valor de cada corrida. A Cabify já está fazendo uma pré-seleção de motoristas brasileiros de forma online.
Além da definição do preço da corrida, outro ponto que Bedoya ressalta é a negociação com a Prefeitura de São Paulo sobre como será a entrada da startup na cidade. “Nós só entramos nos países como uma empresa legal, fazendo todos os processos e pagando impostos, sem conflitos com o governo. Tivemos algumas conversas e teremos outras em breve.”
Um dos temas desses encontros será a entrada dos “táxis pretos” no aplicativo, por exemplo. “Eles cabem com a nossa proposta de intermediar um serviço de transporte individual de alta qualidade e, na Espanha, já trabalhamos com uma categoria de táxis mais sofisticados.”
Expansão
Por enquanto, a Cabify operará 100% em São Paulo. “Queremos entrar muito bem na cidade primeiro, e até o final deste ano já devemos ter uma expansão, de acordo com nossos planos”, diz o executivo.
“Temos uma meta de expansão super agressiva, com milhares de motoristas até o fim do ano e centenas de milhares de usuários. Vemos São Paulo como uma grande oportunidade para conseguir alcançar essas metas, além da entrada de grandes cidades nos próximos meses.”
Fonte: EXAME