A Sulgás está no centro de um escândalo que envolve gravíssimas suspeitas de desvio de recursos públicos. Nesta semana, a Gaspetro, subsidiária da Petrobras e dona de 49% da distribuidora, determinou a abertura de uma sindicância para apurar denúncias de superfaturamento em contratos da estatal gaúcha.
O alvo específico é a diretoria técnica e comercial, comandada por Flávio Ricardo Soares de Soares. Na Gaspetro, os termos usados para se referir ao episódio são os mais duros possíveis: “malversação”, “roubo” e “pagamento por fora”. Segundo um dos integrantes da comissão instituída pela estatal gaúcha, as primeiras informações apuradas apontam para o favorecimento a pelo menos um fornecedor contratado pela diretoria técnica e operacional.
Consultada, a Sulgás confirma a abertura da sindicância e diz, com todas as letras, que “já identificou irregularidades, a ponto de ter expedido notificação extrajudicial ao prestador de serviços, com notícia de cobrança de diferenças.” A companhia não divulgou o nome ou o ramo de atuação do fornecedor, mas o RR apurou que se trata de uma conhecida empresa de engenharia de Porto Alegre. Também procurada, a Gaspetro/Petrobras não se pronunciou.
Ressalte-se que a iniciativa da Gaspetro conta com o apoio do governo gaúcho, acionista controlador da Sulgás. Curiosamente, foi a própria subsidiária da Petrobras quem indicou Flávio Soares para a diretoria da Sulgás. Sua situação, no entanto, tornou-se insustentável. Na distribuidora gaúcha, já se dá como certo seu afastamento do cargo nos próximos dias. Oficialmente, a empresa empurra a questão para a Gaspetro. Diz que a permanência ou não do executivo é uma decisão que cabe à subsidiária da Petrobras, responsável pela sua nomeação. Soares, aliás, é um fenômeno de resistência.
Equilibra-se na diretoria técnica e comercial há quase 13 anos. Já sobreviveu a três presidentes da Petrobras e a cinco governadores do Rio Grande do Sul. Ele é tido por seus colegas na Sulgás como um executivo todo-poderoso. Em algumas gestões chegou a mandar mais do que o próprio presidente da estatal, a ponto de grandes fornecedores e clientes da companhia despacharem diretamente em seu gabinete.
Fonte: Blog Economia Online