SÃO PAULO – O momento do setor de exportações do Brasil é de preocupação imediata, mas de olhar otimista para o futuro. Durante uma mesa redonda em São Paulo para lançar o Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX 2015) que acontece no próximo mês, no Rio de Janeiro, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, explicou que este ano vai ser muito difícil para o setor, mas que ele vê se formarem as bases para que o comércio exterior ganhe importância na economia brasileira.
“A exportação de manufaturados em 2015 vai atingir seu nível mais baixo desde 2006, chegando a um valor próximo de US$ 73 bilhões”, disse, apresentado o dado mais negativo, mas ressaltando, entretanto, que “2015 é o ano em que o comércio exterior vai se tornar importante de fato, e não apenas no discurso”, avaliou.Castro anunciou que os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, confirmaram presença no ENAEX deste ano. “Temos a impressão de que no passado o governo não via o comércio exterior como prioridade, mas que neste ano há uma demonstração de importância do comércio exterior”, disse.
Para o presidente da AEB, o Plano Nacional de Exportações vai se consolidar como a criação de uma base para o comércio exterior, mas que não vai trazer resultados neste ano. “O PNE está criando uma base para o futuro, e espero que passemos a ter planos estruturais nesse setor. Não podemos mudar o mundo de uma hora para a outra, e o PNE não deve ter resultados imediato”, avaliou.
Castro explicou que a mudança no câmbio deve fortalecer a exportação de manufaturados apenas para os Estados Unidos neste ano, mas que mesmo assim as exportações gerais para o país devem encolher.
Câmbio
A desvalorização do real em relação ao dólar, que atinge seu momento mais extremo em 12 anos, é favorável para o comércio exterior, mas não deve ser visto como salvação do setor, segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro. “O câmbio é fator de conversibilidade e não de competitividade. Quando o país usa o câmbio como fator de competitividade, alguma coisa está errada. O câmbio hoje é favorável, mas ainda não estamos aproveitando”, avaliou.
Segundo Castro, apesar do mau momento da economia brasileira, a crise tem a vantagem de trazer mudanças para a estrutura da economia. “Alguma coisa vai ter que acontecer. Não podemos ficar esperando que as coisas se resolvam sozinhas. Temos que voltar ao passado, quando produtos manufaturados eram 50% da pauta de exportações”, disse.
O presidente da AEB criticou as limitações que o país enfrenta no Mercosul, que chamou de “fechado” e voltado à sobrevivência, e elogiou o que chamou de retomada de um incentivo às relações comerciais com os Estados Unidos a partir de acordos bilaterais.
Fonte: Valor Econômico