Para os investidores em bonds da produtora de aço mais endividada da América Latina, as coisas não param de piorar.
As notas da Cia. Siderúrgica Nacional de US$ 1,2 bilhão com vencimento em 2020 caíram para o valor mínimo recorde de 84,4 centavos por dólar quando neste mês a Standard Poor’s rebaixou a perspectiva para a companhia devido à sua incapacidade de vender ativos e reduzir dívidas.
Como os preços do aço estão em queda livre e a economia do Brasil está se deteriorando, as expectativas de que o CEO Benjamin Steinbruch venda ativos estão diminuindo porque é provável que as ofertas tenham um valor baixo, de acordo com o UBS AG. A CSN já sofreu três rebaixamentos do seu rating neste ano, já que sua alavancagem subiu para seu maior nível em mais de uma década.
“Steinbruch hesitaria muito em aceitar uma baixa contábil grande de seus ativos”, disse Sean Glickenhaus, analista de dívida corporativa do UBS, em entrevista por telefone de Nova York. “Considerando as condições do mercado, é improvável que ele receba um prêmio suficiente”.
Glickenkaus tem uma recomendação equivalente a venda para os bonds da CSN. As notas perderam 4,1 por cento neste ano, o pior desempenho entre 52 pares acompanhados pela Bloomberg. Os yields sobre os títulos deram um salto de 2,27 pontos porcentuais neste ano, para 10,57 por cento.
A CSN, com sede em São Paulo, disse em resposta por e-mail a perguntas que conta com uma estratégia clara para reduzir seu endividamento por meio de reduções de custos e vendas de ativos.
Durante uma teleconferência no dia 12 de março, o diretor executivo da CSN, David Salama, disse aos analistas que a terceira maior fabricante de aço do Brasil consideraria a venda de ativos para reduzir sua dívida líquida, que subiu para R$ 20 bilhões (US$ 6,4 bilhões) no primeiro trimestre, levando a alavancagem para 4,85 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
“Um rebaixamento é possível no decorrer dos próximos seis meses se a economia brasileira permanecer fraca, a menos que a CSN adote medidas extraordinárias para melhorar suas entradas de caixa, como, por exemplo, vendas de ativos”, disse a S&P em um comunicado no dia 1° de julho.
A CSN tem nota BB pela S&P, dois níveis abaixo do grau de investimento, em sintonia com o ranking dado à empresa pela Fitch Ratings.
A CSN está tendo dificuldades por causa da queda de 30 por cento dos preços do minério de ferro neste ano e porque a maior economia da América Latina, onde a empresa gera cerca de 60 por cento da sua receita, está prestes a sofrer sua maior contração em 25 anos.
“As razões da alavancagem vão se deteriorar significativamente em 2015 e possivelmente em 2016 se não houver uma melhoria no minério de ferro e no mercado de aço do Brasil”, disse Glickenhaus do UBS. “Muita coisa tem que acontecer para que melhorem”.
Fonte: Uol