A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou na noite de quinta-feira (29) os ratings (nota de classificação) da Petrobras. Na prática, o rebaixamento impede a empresa de ter suas ações compradas, por exemplo, por grandes fundos de investimentos, cujas normas proíbem o investimento em empresas que não possuam grau de investimento. A justificativa para o rebaixamento são as denúncias de corrupção que poderiam afetar a liquidez da companhia em função do atraso do balanço auditado.
Sem a nota mínima, esses grandes investidores são obrigados a se desfazer dos papéis, o que derrubaria ainda mais o preço das ações e pode levar a um movimento de venda em massa. A dívida não garantida da empresa passou de Baa2 para Baa3 e a avaliação básica de crédito da empresa, de ba1 para ba2. Segundo o banco Fator, esse é o terceiro rebaixamento em quatro meses e os rating estão sob revisão para novo rebaixamento.
O rebaixamento já era esperado pelo analistas de mercado após a divulgação do balanço não auditado, na madrugada de quarta-feira (28). Ontem a presidente da empresa, Graça Foster, disse que não era possível avaliar com segurança os ativos que estão sob impacto contábil do esquema de corrupção investigado pelo Ministério Público Federal, a partir da Operação Lava Jato.
A auditoria externa de balanços de empresas de capital aberto também é requisito para que grandes investidores comprem ou mantenham ações de empresas em suas carteiras de investimento.
Ontem, o MPF lançou uma página na internet com atualizações das investigações. De acordo com balanço, os investigados na operação desviaram R$ 2,1 bilhões da Petrobras. Conforme os dados, R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões em bens estão bloqueados por determinação da Justiça.
O principal destaque negativo veio das incertezas em relação ao critérios que deveriam ser empregados nas revisões dos ativos (impaiment) impossibilitaram a divulgação do documento auditado.
A Petrobras destacou que até chegou a aplicar duas metodologias distintas – uma considerando apenas os 3% de sobrepreço dos contratos, valor indicado como média de propina por operação pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e outra considerando o valor justo dos ativos que estão envoltos nos contratos investigados. Na primeira opção não teria encontrado respaldo do auditor, nem consenso do Conselho de Administração (na segunda alternativa). A companhia ainda comenta que esta buscando uma alternativa que permita que as revisões sejam efetuadas em conformidade e atendendo às exigências dos órgãos reguladores das bolsas de valores brasileira e norte-americana (CVM e SEC, respectivamente).
Segundo o balanço, o ebitda ajustado recuou 10,4% (R$ 11,7 bilhões) e o lucro líquido caiu 9,1% (somando R$ 3,1 bilhões), na comparação com o terceiro trimestre de 2013. Os números foram afetados ainda pelo prejuízo de R$ 2,7 bilhões da descontinuidade dos projetos das refinarias Premium I e Premium II. A companhia não deu previsão para a divulgação dos balanços auditados do terceiro trimestre e do ano de 2014, mas informou expectativa de produção média superior em 4,5% ao registrado em 2014, investimentos entre US$ 31 e US$ 33 bilhões de dólares, além de estimativa de geração operacional de caixa entre US$ 28 e US$ 32 bilhões.
Fonte: iG