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Política

Maestro demitido quando Regina Duarte assumiu Cultura é reconduzido para presidir Funarte

Dante Mantovani ficou conhecido por associar rock a droga, sexo, aborto e satanismo. Ex-auxiliar de gabinete de Carlos Bolsonaro foi nomeado para a diretoria-executiva.

 

O maestro Dante Henrique Mantovani foi reconduzido ao cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A nomeação foi publicada no “Diário Oficial da União” desta terça-feira (5), com a assinatura do ministro chefe da Casa Civil, Braga Netto. O maestro tinha ficado conhecido por fala em que relacionou o rock a droga, sexo, aborto e satanismo.

Mantovani foi exonerado do cargo há dois meses, no dia em que a atriz Regina Duarte assumiu o comando da Secretaria da Cultura no governo Jair Bolsonaro. Naquela ocasião, quem assinou a exoneração também havia sido Braga Netto.

Além do maestro, outras 11 pessoas que assumiam cargo de chefia em órgãos da Secretaria de Cultura foram exonerados antes da cerimônia de posse de Regina Duarte. As exonerações envolviam órgãos como o Departamento do Sistema Nacional de Cultura, o Instituto Brasileiro de Museus e a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura.

A Funarte é o órgão federal responsável por desenvolver políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo.

De acordo com a assessoria de Regina Duarte, a Funarte é responsabilidade do Ministério do Turismo. Nomeações e exoneração no órgão ficam a cargo da pasta. Por isso, segundo a assessoria, Regina não vai comentar a volta de Mantovani.

Na semana passada, na portaria do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro elogiou Regina Duarte, mas disse que gostaria de vê-la mais próxima. Na ocasião, ela estava em São Paulo. O presidente disse também que ela estava tendo dificuldade em lidar com questões de “ideologia de gênero”.

“Infelizmente, a Regina está em São Paulo. Está trabalhando pela internet ali. E eu quero que ela esteja mais próxima. É uma excelente pessoa, um bom quadro. É também uma secretaria que era ministério. Muita gente de esquerda pregando ideologia de gênero. Essas coisas todas é que a sociedade, a massa da população, não admite. Ela tem dificuldade nesse sentido”, disse o presidente.

Vídeo associa rock a sexo, droga e satanismo

Dante Mantovani é maestro e também tem um canal no YouTube em que discute temas relacionados à cultura. Quando presidiu a Funarte pela primeira vez, tendo sido nomeado em dezembro de 2019, ficou conhecido por relacionar, em um vídeo em seu canal, o rock a drogas, ao sexo, ao aborto e ao satanismo.

“O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto”, comentou em vídeo. “A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que ele fez um pacto com o diabo, com o satanás para ter fama, sucesso”, continua.

Além da graduação em Música, Mantovani é especialista em Filosofia Política e Jurídica e Mestre em Linguística. Em 2013 defendeu o doutorado em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina.

Nomeação de ex-assessor de Carlos Bolsonaro

Outra mudança na Funarte foi publicada também nesta terça no “Diário Oficial”. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio assinou a nomeação de Luciano Barbosa Querido para o cargo de diretor-executivo da fundação.

Barbosa Querido trabalhou como auxiliar de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-SP), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele deixou o gabinete de Carlos em 2017.
Fonte: G1

Coronavírus: secretário de Guedes diz que desemprego pode dobrar e critica estabilidade de servidor público

Segundo Salim Mattar, funcionário público não dorme com medo de perder o emprego

 

Em conversa com investidores transmitida pela internet, nesta quinta-feira, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, disse que a taxa de desemprego no Brasil, que até março era de 12,2%, poderá dobrar por causa do coronavírus. Mattar também criticou o atual regime que garante estabilidade aos servidores das empresas estatais, que permite que os funcionários tenham uma situação diferenciada dos trabalhadores do setor privado.

– Não existe demissão em empresa pública, só no setor privado. Há 12 milhões de funcionários públicos e 500 mil funcionários de estatais e ninguém dorme com medo de perder o emprego – afirmou.

Mattar disse que só será possível saber o tamanho do estrago causado pela pandemia de Covid-19 na economia brasileira nos meses de julho e agosto. Segundo ele, vários países, incluindo o Brasil, têm tomado medidas para amenizar os efeitos da doença sobre o mercado de trabalho.

– A sociedade como um todo tem uma preocupação que se chama desemprego. No Brasil, que já estava como uma taxa elevada, presume-se que esse desemprego anterior possa aumentar de 50% a 100% – previu o secretário.

Ele ressaltou que a dívida pública brasileira poderá chegar a 90% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), enquanto o “razoável” seria uma taxa entre 30% e 50%. Hoje, a relação dívida/PIB está em 76,5%. Afirmou que essa dívida só poderá ser abatida através da venda de ativos do Estado, ou seja, a privatização.

O secretário disse a solução para melhorar esse cenário está em um robusto programa de concessões e investimentos, já elaborado pelo governo. Porém, todas as ações nesse sentido devem passar pelo setor privado, pois não há recursos públicos disponíveis. Buscar mais dinheiro aumentando impostos é um caminho descartado, enfatizou.

– O Estado penaliza o empregador, coloca sobre ele uma elevada carga tributária – declarou.

Fonte: O Globo

Novo diretor-geral da PF, Alexandre Ramagem está na corporação desde 2005 e é amigo da família Bolsonaro

Delegado assumiu a segurança do então candidato presidencial após facada em 2018 e se aproximou da família. Em 2019, ele foi fotografado ao lado de Carlos Bolsonaro em festa de réveillon.

 

O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Alexandre Ramagem, é delegado da PF desde 2005, chefiou a equipe de segurança de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 depois do atentado a faca em Juiz de Fora (MG) e, desde então, se tornou amigo próximo da família do presidente. Ele tem a confiança de Bolsonaro e dos filhos.

No réveillon de 2019, Ramagem foi fotografado ao lado de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, durante a comemoração.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (28), Bolsonaro comentou a proximidade de Ramagem com sua família.

“Ele ficou novembro e dezembro, praticamente, na minha casa. Dormia na casa da vizinha, tomava café comigo, aí tirou fotografia com todo mundo. Foi no casamento de um filho meu… Não tema nada a ver a amizade dele com o meu filho, meu filho conheceu ele depois. E eu confio, passei a acreditar no Ramagem, conversava muito com ele, trocava informações. Demonstrou ser uma pessoa da minha confiança, então a partir do momento que eu tenho uma chance de indicar alguém pra PF, por que não o indicaria?”, questionou Bolsonaro.

Ramagem na Secretaria de Governo

Em março de 2019, ainda no início do mandato de Bolsonaro, o delegado foi nomeado assessor do então ministro Santos Cruz na Secretaria de Governo – pasta que fica no Palácio do Planalto.

Ramagem foi mantido na secretaria, como assessor do novo ministro, Luiz Eduardo Ramos, após a demissão de Santos Cruz, em junho de 2019.

No mês seguinte, em julho, o delegado foi escolhido por Bolsonaro para ser diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que é vinculada ao gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, comandada pelo ministro Augusto Heleno. Segundo o GSI, a Abin produz informações para embasar decisões do presidente da República de forma rápida.

Na posse, o presidente se referiu a ele como “um amigo que conheci há pouco tempo”.

Na Polícia Federal, Ramagem comandou as divisões de Administração de Recursos Humanos e de Estudos, Legislações e Pareceres, e atuou na área de coordenação de eventos como a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

Bolsonaro demitiu chefe anterior

Ramagem assume o comando da corporação após Bolsonaro demitir o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, o que precipitou a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, ao qual a corporação está subordinada.

Ao anunciar sua saída, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF ao demitir Valeixo. O presidente nega e diz que Moro propôs aceitar a exoneração do então diretor-geral da corporação se fosse indicado ministro do STF. Moro nega.

Como prova da interferência, o ex-ministro exibiu uma imagem que mostra que o presidente lhe enviou, pelo celular, o link de uma reportagem do site “O Antagonista” segundo a qual a PF está “na cola” de dez a 12 deputados bolsonaristas.

O presidente, então, escreveu: “Mais um motivo para a troca”, se referindo à mudança na direção da Polícia Federal.

Sergio Moro respondeu ao presidente explicando que a investigação não tinha sido pedida pelo então diretor da PF, Maurício Valeixo.

Também na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a permanência das equipes da Polícia Federal que tocam os inquéritos que ele preside, mesmo com a mudança no comando da PF.

Uma dessas investigações trata da origem de fake news e ameaças anônimas feitas aos integrantes do STF. Outro inquérito, aberto esta semana no Supremo, investiga a organização e o patrocínio de atos antidemocráticos – num deles, no dia 18 de abril, o presidente Bolsonaro discursou.

Parcialidade do governo

Colocar um policial ligado à família no maior órgão de investigação do país levou a duras críticas de parcialidade do governo numa corporação que tem autonomia e independência.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL) disse que vai apresentar uma ação para impedir que Alexandre Ramagem assuma o comando da Polícia Federal. Segundo ele, o presidente quer transformar a PF numa polícia política a serviço da família.

Internamente, delegados dizem que é preciso deixar claro que a PF não é um órgão de inteligência como a Abin e não está a serviço do governo.

A Polícia Federal é um órgão de polícia judiciária da União, que faz investigações solicitadas pelo Judiciário. Esses delegados destacam que quanto mais relevante for uma investigação, mais sigilosa ela deve ser, exigindo autorização judicial para ter acesso aos dados.
Fonte: G1

Moro ao pedir demissão: Bolsonaro queria interferir pessoalmente na PF, ligar para diretores e superintendentes e ter acesso a relatórios

‘Presidente tinha preocupação com inquéritos em curso no STF’ e por isso queria informações de inteligência; perda de mais um ministro amplia isolamento e agrava crise política

 

O ex-juiz federal Sergio Moro anunciou nesta sexta-feira sua saída do cargo de ministro da Justiça, após o presidente Jair Bolsonaro exonerar o diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, nome de confiança do ministro na corporação. A troca, segundo Moro, seria uma interferência política na PF sem uma causa que fosse aceitável. O ministro chegou a relatar a conversa que teve com Bolsonaro na quinta-feira sobre a demissão do diretor. Disse que o presidente deixou claro que gostaria de fazer uma interferência política no órgão.

— Ontem conversei com o presidente. Houve insistência nessa troca. Falei que seria interferência política, e ele disse que seria mesmo — disse.

Segundo o ministro da Justiça, o presidente “sinalizou que tinha preocupações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF)”, em referência às investigações em curso sobre fake news e os atos antidemocráticos do último fim de semana.

— O presidente queria uma pessoa que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações de inteligência, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar essas informações — disse Moro. — O presidente também informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal e que a troca seria oportuna nesse sentido. Também não é uma razão que justifique, pelo contrário até gera preocupação — resaltou.

Ainda de acordo com Moro, Bolsonaro afirmou que precisa de delegados na PF com quem ele possa ter contato, inclusive tendo acesso a relatórios de inteligência.

– Falei com presidente que seria interferência política, e ele disse que seria mesmo. Presidente me disse mais de uma vez expressamente que queria ter uma pessoa do contato dele, que ele pudesse ligar, ter informações, colher relatórios de inteligência. Seja diretor, seja superintendente, não é papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. Imagina se durante a própria Lava-Jato, ministro ou diretor-geral, ou a presidente Dilma ou o ex-presidente Luiz (Lula) ficassem ligando para o superintendente…. Autonomia da PF é valor fundamental. Grande problema não é quem entra, mas por que alguém entrar. Eu fico na dúvida se vai conseguir dizer não (a Bolsonaro) em relação a outros temas.

Promessa de carta branca

Moro destacou na entrevista que foi prometido carta branca a ele.

— Foi me prometido, na ocasião, carta branca para nomear todos os assessores, inclusive o superintendente da Polícia Federal — disse, lembrando do convite feito por Bolsonaro.

— No final de 2018 eu recebi convite do então eleito presidente Jair Bolsonaro. Isso eu já falei diversas vezes, e fui convidado a ser ministro da Justiça e da Segurança Publica. O que foi conversado com o presidente foi que teríamos compromisso com o combate à corrupção e à criminalidade. Foi me prometido na ocasião carta branca para nomear todos os assessores, inclusive o superintendente da Polícia Federal — afirmou Moro.

Autonomia da PF no governo do PT

O ex-juiz chegou a afirmar que, na gestão anterior do governo federal durante a gestão petista, foi garantida a autonomia aos trabalhos da PF e que isso permitiu o avanço da Lava-Jato.

— É certo que o governo da época tinha inúmeros defeitos. Aqueles crimes gigantescos de corrupção, mas foi fundamental a autonomia da PF para que fosse realizado esse trabalho. Seja de bom grado, seja pela pressão da sociedade — disse.

O ministro afirmou que não estabeleceu como condição ao cargo uma indicação ao Supremo Tribunal Federal, mas disse que pediu a Bolsonaro que fosse garantida uma pensão à sua família, caso acontecesse a ele alguma coisa.

— Tinha uma única condição que eu coloquei. Eu disse que, como estava abandonando 22 anos da magistratura, contribuí por 22 anos à Previdência, perdia ao sair da magistratura essa Previdência. Pedi apenas que, se algo me acontecesse, pedi que a minha família não ficasse desamparada sem uma pensão. Foi a única condição que eu coloquei — afirmou.

A saída de Moro, uma semana após a demissão do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, amplia o isolamento político de Bolsonaro e significa a perda do principal fiador de seu discurso de combate à corrupção.

A perda do aliado também ocorre em meio ao crescimento nos casos de coronavírus no país, assunto que provocou desgastes entre Moro e Bolsonaro. O ministro defendia medidas mais duras para manter o isolamento, como punição a quem descumprisse quarentena, enquanto o presidente tem se manifestado em favor de um relaxamento do isolamento.

— Busquei ao máximo evitar que isso acontecesse, mas foi inevitável. Não foi por minha opção — disse Moro no início da entrevista coletiva.

Moro encerrou o discurso afirmando que irá procurar emprego no futuro e que está à disposição do país.

— Vou procurar mais adiante um emprego. Não enriqueci no serviço publico como juiz. Quero dizer que independentemente onde eu esteja, eu vou estar à disposição para ajudar o país. Sempre respeitando o mandamento do Ministério da Justiça e Segurança Publica nessa gestão que é fazer a coisa certa sempre. Muito obrigado — afirmou.

Da Lava-Jato a desgaste no ministério

Ex-juiz da 13ª Vara Federal da Curitiba, Moro foi responsável por conduzir os processos da Operação Lava-Jato, incluindo a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Ganhou projeção política no cargo e, após o resultado das eleições de 2018, foi convidado por Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça. Moro, então, decidiu deixar o cargo de juiz federal, no qual tinha estabilidade e carreira garantida, para aceitar o convite e integrar o governo federal.

Como ministro, porém, Moro passou a acumular desentendimentos com Bolsonaro, tendo sido desautorizado em diversos atos da gestão. No primeiro mês da gestão, Bolsonaro editou um decreto para flexibilizar porte e posse de armas sem pareceres técnicos do ministério. Moro mostrou desconforto com o projeto e disse que a medida não era política de segurança pública. Depois, Moro indiciou a cientista política Ilona Szabó como suplente para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A militância bolsonarista nas redes sociais reagiu, e o ministro foi obrigado a desfazer o convite após telefonema de Bolsonaro.

Seu principal projeto na pasta, o pacote anticrime, foi desidratado na Câmara dos Deputados e não recebeu o apoio esperado de Bolsonaro. Moro também atuou contra a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli que paralisou investigações iniciadas com base em relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), movimento que irritou Bolsonaro, porque a decisão de Toffoli beneficiava a investigação de seu filho Flávio Bolsonaro por rachadinhas.
Fonte: O Globo

Bolsonaro ultrapassa limites e desafia o estado de direito

Contrário ao isolamento social, presidente vai a manifestação em que é defendido golpe militar

 

O presidente Bolsonaro tem feito jus à biografia de um político radical que construiu a carreira na bancada do baixo clero na Câmara sem nunca ter se preocupado em se distanciar do lado mais escuro da ditadura militar. Eleito legitimamente presidente da República, Jair Bolsonaro tem sido coerente com seu passado e, à medida que se sente legalmente tolhido a praticar um enfrentamento sem base científica da epidemia da Covid-19, radicaliza, tendo chegado a um ponto perigoso ontem, ao participar de manifestação em Brasília em que se pregou golpe militar.

Bolsonaro foi além do desrespeito a indicações dos especialistas para se evitar a propagação do vírus, o que tem feito com sistemática há semanas, contra a posição do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e agora do seu substituto, Nelson Teich, que acertadamente tenta montar um sistema de aferição da evolução da epidemia, para que sejam tomadas decisões bem fundamentadas, e não como deseja Bolsonaro, preocupado apenas com seu futuro político, e não com a saúde da população. Aboletado numa caminhonete, o presidente fez um pronunciamento no estilo do populismo mais tosco: “(…)vocês estão aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil (…). Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder (…) Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro (…)”. Este discurso, na boca de um presidente, representa uma agressão ao estado democrático de direito.

Ainda em Brasília, Bolsonaro, de volta ao Planalto, subiu a rampa e do alto apontou para a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), no outro lado da Praça dos Três Poderes, enquanto lamentava que a Corte tenha decidido que estados e municípios podem baixar medidas que considerem necessárias para conter a marcha do Sars-CoV-2 — “Tem prefeitos aí que cometeram barbaridades”. Entenda-se por “barbaridades” decretar fechamento de comércio, de praias, sempre com a preocupação correta de impedir aglomerações e, assim, conter a propagação do vírus.

A radicalização do discurso de Bolsonaro é acompanhada pela mobilização de milícias virtuais no ataque a alvos do presidente, entre eles, o deputado Rodrigo Maia, que preside a Câmara e atua, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para o Legislativo aprovar medidas necessárias à compensação dos efeitos da grande recessão que está às portas na economia e no campo social.

Bolsonaro demonstra conviver mal com os freios e contrapesos de uma democracia representativa. Desde o início do seu governo ele já teve várias oportunidades de aprender que Legislativo e Judiciário existem para atuar ao lado do Executivo de forma harmônica, mas que existem barreiras institucionais para conter um poder que tente se sobrepor aos outros. Caso do Executivo com ele na Presidência. E terá de ser sempre assim.
Fonte: O Globo

Maia diz que ataques nas redes contra o Congresso são obra de assessores de Bolsonaro que se comportam como ‘marginais’

Presidente da Câmara afirma que governo prefere criar conflitos a salvar vidas na crise do coronavírus

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que os ataques nas redes sociais contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) são comandados por assessores do presidente Jair Bolsonaro que se comportam como “marginais”. Em entrevista ao programa “Canal Livre”, da Band, veiculada na madrugada de segunda-feira, Maia acrescentou que o governo deveria agir para “salvar vidas e empregos” em vez de “criar conflitos e insegurança”.

– Essas brigas paralelas comandadas por um gabinete do ódio, comandadas por assessores do presidente que são mais marginais do que assessores do presidente, não vão de forma nenhuma mudar atitudes do Parlamento brasileiro. Continuamos votando. Nós que aumentamos o valor da renda mínima – disse o presidente da Câmara, em referência ao repasse de R$ 600 para os trabalhadores informais.

Na avaliação de Maia, o governo é lento para reagir à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Ele afirmou que as medidas na área da Saúde estão “caminhando” – o ministro Luiz Henrique Mandetta é seu aliado –, mas criticou o ritmo de ação da área econômica.

– Em vez de ficar fugindo da sua responsabilidade, em vez de ficar criando conflitos e insegurança com a sociedade, o Palácio do Planalto poderia estar atuando e atuando para salvar vidas, empregos, salvar a renda dos mais vulneráveis. Mas, infelizmente, alguns no Palácio preferem, junto com o presidente, esse gabinete do ódio, continuar conflitando com Parlamento e Supremo do que dar soluções. Talvez porque não saibam onde encontrá-las – ironizou Maia.

O presidente da Câmara disse ainda que os ataques são financiados por empresários e orientados pelo escritor Olavo de Carvalho – ele ressaltou que Mandetta virou alvo depois que se tornaram evidentes as diferenças entre as orientações do ministro e de Bolsonaro. Maia acrescentou que, na prática, as medidas apresentadas pelo governo seguem a linha do que é defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas que o posicionamento de Bolsonaro, favorável a uma retomada imediata das atividades econômicas, atrapalha o país.

– Ele (Bolsonaro) acaba, sem dúvida nenhuma, atrapalhando. Claro que ele não escreve (o que defende), porque a assessoria dele não deixa, porque uma decisão de assinar um documento desses… Se o Brasil tiver problemas parecidos, e parece que teremos, com o de outros países, se ele (presidente) assinar alguma orientação formal que vá contra a orientação de seu próprio ministro e da OMS, certamente ele responderá pessoalmente a essa decisão de liberar o isolamento sem ter um embasamento legal para isso – afirmou Maia.

Bolsonaro já sugeriu que poderia assinar um decreto ou Medida Provisória ampliando a lista de atividades essenciais em meio ao estado de calamidade pública, o que permitiria a reabertura de estabelecimentos comerciais no país. A medida, no entanto, não foi implementada.

Em relação ao processo eleitoral, Maia afirmou que não é contra o adiamento da eleição, marcada para outubro, caso a crise do coronavírus não esteja sob controle até lá. O presidente da Câmara ponderou, no entanto, que o pleito precisa ocorrer até o fim do ano, para que não haja prorrogação de mandatos.
Fonte: O Globo

‘Incendiário’, ‘inacreditável’ e ‘contraditório’: imprensa europeia analisa pronunciamento de Bolsonaro sobre coronavírus

Jornais de Portugal, Inglaterra, França e Espanha noticiaram discurso de presidente Jair Bolsonaro

 

A imprensa europeia destaca, nesta quarta-feira (25), as declarações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão realizado na noite de terça-feira (24). Para os jornais, as declarações do líder da extrema direita do Brasil são “incendiárias”, “difíceis de acreditar” e vão de encontro com as próprias recomendações do Ministério da Saúde do país.

Para o jornal francês “Le Monde”, o presidente “minimiza os riscos relacionados à pandemia da Covid-19 ao criticar as medidas tomadas em diversas cidades e Estados do país, em um momento em que um terço da população mundial é colocada em confinamento”.

O diário também destaca que Bolsonaro acusou as mídias do país de propagar “histeria”, diante da pandemia que já causou mais de 18 mil mortos no mundo. “O Brasil está protegido da doença, segundo ele, devido ao clima quente e a população majoritariamente jovem”, reitera a matéria.

O jornal “Le Parisien” lembra que, no momento do discurso de Bolsonaro, o Brasil contabilizava 2.201 casos de coronavírus e 46 mortes. “Mas as deficiências do sistema de saúde, além da pobreza e a insalubridade nas quais vivem uma grande parte da população, ameaçam agravar a epidemia na primeira economia da América Latina”, afirma o diário.

Discurso resultou em “panelaços”

O jornal britânico “The Guardian” destaca que o presidente brasileiro declarou que “nada sentiria” caso fosse contaminado pela Covid-19. A matéria classifica as afirmações do presidente como “incendiárias” e ressalta que o discurso provocou grandes “panelaços” no Rio e em São Paulo.

“The Guardian” lembra que as duas maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio e muitas outras em todo o país, confinaram seus moradores “para salvar vidas”. O jornal também destaca que muitos opositores de Bolsonaro acreditam que sua resposta à epidemia de coronavírus no Brasil “vai ser o fim de sua carreira política”.

Em editorial, o jornal espanhol “El País” analisa como a América Latina lida com a pandemia e afirma que Bolsonaro “é o pior caso” entre alguns líderes da região que tentam minimizar a situação. Para o diário, o presidente está mais preocupado com a briga política com os governadores de São Paulo e do Rio – estados que concentram 60% dos casos de coronavirus do Brasil – do que com os riscos da pandemia.

“E os riscos são gigantescos!”, afirma o editoralista. “As declarações oficiais de que o Brasil dispõe de recursos suficientes para enfrentar esse tsunami são difíceis de acreditar”, reitera o artigo. Para “El País”, a situação catastrófica de falta de material médico, hospitais e profissionais da área da saúde que vivem atualmente a Europa e os Estados Unidos pode se repetir no Brasil. “O vírus se comporta de maneira similar em todas as latitudes”, conclui.

Contra recomendações do Ministério da Saúde

Na live que faz diariamente em seu site, o jornal português “Público” lembra que o apelo de Bolsonaro pela reabertura das escolas e o restabelecimento do funcionamento do comércio contrariam as recomendações do próprio governo brasileiro. “No site, o Ministério da Saúde brasileiro aconselha a população a evitar aglomerações, a reduzir os deslocamentos para o trabalho, defendendo o ‘trabalho remoto’ e a ‘antecipação de férias em instituições de ensino’, especialmente em regiões com transmissão comunitária do vírus”.

O jornal também destaca que Bolsonaro subestima a pandemia, ao afirmar que se fosse contaminado “não precisaria se preocupar”. “O chefe de Estado do Brasil já se submeteu a dois exames ao novo coronavírus, ambos de resultado negativo, segundo o próprio. A imprensa pediu a divulgação pública dos resultados, mas sem êxito”, conclui o diário.
Fonte: G1

R. Alvim e J. Goebbels

Roberto Alvim copia discurso do nazista Joseph Goebbels e causa indignação

Citação do secretário da Cultura de Bolsonaro aconteceu em vídeo divulgado para anunciar Prêmio Nacional das Artes

O secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, copiou uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em um pronunciamento. O vídeo foi divulgado para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, projeto no valor total de mais de R$ 20 milhões.

Segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich, o líder nazista afirmou: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”

O que disse Roberto Alvim:

Nó vídeo divulgado pela Secretaria Especial de Cultura ele afirma: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, discursou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.

Além do trecho copiado do discurso de Goebbels, outra referência ao regime de Adolf Hitler é a trilha sonora do pronunciamento: a ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner. O compositor alemão era celebrado pelo líder nazista e teve grande influência em sua formação ideológica.

Procurado pelo GLOBO, Roberto Alvim não retornou ao contato. Ele usou suas redes sociais para falar sobre o assunto e classificou as semelhanças de seu discurso com o de Goebbels como uma “coincidência retórica” mas defendeu que “a frase em si é perfeita”.

“O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira… É típico dessa corja. Foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. Eu não citei ninguém. E o trecho fala de uma arte heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro”, escreveu Alvim.

‘Virtudes da fé alçadas ao território da arte’

Em tom ufanista, Alvim anuncia no vídeo o “renascimento da arte e da cultura no Brasil”. Depois de enaltecer a fé do povo brasileiro e a sua ligação com Deus, o secretário falou sobre “poderosas formas estéticas” que serão favorecidas. “As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território da arte.”

-Ele (Jair Bolsonaro) pediu que eu faça uma cultura que não destrua, mas que salve a nossa juventude. A cultura é a base da pátria. Quando a cultura adoece, o povo adoece junto. É por isso que queremos uma cultura dinâmica e, ao mesmo tempo, enraizada na nobreza de nossos mitos fundantes. A pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas. As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de Arte — disse Alvim.

Ele ressaltou ainda que o ano de 2020 será “uma virada histórica”, ou seja, “o ano do renascimento da arte e da cultura no Brasil”.

— Ao país ao qual servimos, só interessa uma arte que cria a sua própria qualidade a partir da nacionalidade plena. Portanto, almejamos uma nova arte nacional, capaz de encarnar simbolicamente os anseios desta imensa maioria da população brasileira, com artistas dotados de sensibilidade e formação intelectual, capazes de olhar fundo e perceber os movimentos que brotam do coração do Brasil, transformando-os em poderosas formas estéticas — acrescentou o secretário.

A pretensão não para por aí:

São essas formas estéticas, geradas por uma arte nacional que agora começará a se desenhar, que terão o poder de nos conferir, a todos, energia e impulso para avançarmos na direção da construção de uma nova e pujante civilização brasileira.

Na noite de ontem, o secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, participou ainda da live do presidente Jair Bolsonaro para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, no valor total de mais de R$ 20 milhões. Mais cedo, Dante Mantovani, escolhido de Alvim para presidir a Fundação Nacional das Artes (Funarte), divulgou o orçamento de R$ 38 milhões para investimentos em editais, publicações e reformas de equipamentos ao longo do ano.

Depois de adiantar que pretende lançar, em fevereiro, um edital para o “cinema sadio, ligado aos nossos valores, com filmes sobre figuras históricas brasileiras e alinhando conservadorismo e arte”, Alvim anunciou alguns detalhes do prêmio cujas inscrições serão abertas ainda este mês. Com ele, o governo vai selecionar cinco óperas (R$ 1,1 milhão para cada), 25 espetáculos teatrais de R$ 250 mil, 50 exposições individuais de R$ 100 mil nas categoria “pintura” e “escultura”, além da publicação de 25 contos de R$ 25 mil, 15 histórias em quadrinhos de R$ 50 mil e músicas de 25 compositores (R$ 100 mil para cada).

Em todas as áreas, os contemplados devem ser das cinco regiões do país. A ideia, diz Alvim, é oferecer os livros e as HQs de graça para a população, por exemplo.

‘Não é censura, é curadoria’

Na live (da qual participou também o ministro da Educação, Abraham Weintraub), Alvim e Bolsonaro voltaram a falar de “uma arte para a maioria” e a abordar a questão dos filtros temáticos para obras que recebem fomento do governo. O secretário defendeu que “curadoria não é censura”.

Ao começar a conversa com o secretário na live (da qual participou também o ministro da Educação, Abraham Weintraub), Bolsonaro disse que Alvim é a “cultura de verdade no Brasil” e voltou a dizer que anteriormente existia “a ideia de fazer a cultura para um minoria.”

— Nós nunca censuramos nada. Eu me revoltei com muitos filmes, mandei suspender qualquer concessão (de verbas), isso não é censura — disse o presidente, que teve o apoio de seu subordinado.

— Não é censura, é curadoria — disse Alvim.

Fonte: O Globo

Democracia em vertigem

Democracia em Vertigem é indicado ao Oscar de melhor documentário

Indicados à principal premiação de Hollywood foram anunciados nesta segunda (13)

A cineasta mineira Petra Costa foi anunciada, na manhã desta segunda-feira (13), como um dos nomes indicados ao Oscar de melhor documentário em longa-metragem.

“Democracia em Vertigem”, produção nacional da Netflix que acompanha o impeachment de Dilma Rousseff a partir de uma visão particular da diretora, disputará a estatueta da categoria no dia 9 de fevereiro.

Os outros documentários indicados são o americano “American Factory”, a coprodução entre Irlanda e Tailândia “The Cave”, o macedônio “Honeyland” e a coprodução entre Reino Unido e Síria “For Sama”.

A nomeação acontece depois de a aposta brasileira para o Oscar de melhor filme internacional, “A Vida Invisível”, foi deixado de fora da pré-lista de indicados.​

Fonte: Folha de São Paulo

Ministro da Educação comete erro de português em rede social e depois apaga mensagem

Abraham Weintraub escreveu ‘imprecionante’ ao enviar mensagem ao deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. Esta não é a primeira vez que ministro comete erro de grafia.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, cometeu um erro de português nesta quarta-feira (8) ao escrever em uma rede social que um fato era “imprecionante”. Ele redigiu a palavra impressionante de maneira incorreta ao enviar uma mensagem ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Após a mensagem ter sido publicada, diversos usuários da rede social responderam, informando a ele o erro. A publicação foi apagada posteriormente.

Filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro publicou a seguinte mensagem: “Ministros @AbrahamWeint e @SF_Moro nunca tivemos no Brasil uma pesquisa feita por órgão oficial sobre o uso defensivo de armas de fogo. Só existiu uso ofensivo para exatamente demonizá-las. Seria interessante apoiar um projeto assim, caso haja oportunidade”.

Abraham Weintraub, então, respondeu: “Caro @BolsonaroSP, agradeço seu apoio. Mais imprecionante: Não havia a área de pesquisa em Segurança Pública. Agora, pesquisadores em mestrados, doutorados e pós doutorados poderão receber bolsas para pesquisar temas, como o mencionado por ti, que gerem redução da criminalidade.”

Na mesma publicação, Weintraub não utilizou hífen na palavra pós-doutorados.

Esta não é a primeira vez que Weintraub comete esse tipo de erro. Ele já escreveu, por exemplo, “paralização” e “suspenção”. As palavras corretas são paralisação e suspensão.

Fonte: G1